Pocah lança seu primeiro álbum chamado “Cria de Caxias” em homenagem ao Duque de Caxias

Pocah lança seu primeiro álbum chamado “Cria de Caxias” em homenagem ao Duque de Caxias

04/09/2024 Off Por Beatriz Arasanoli

A cantora e compositora Pocah lança o primeiro disco de sua já longa carreira. Após grandes sucessos no funk e fora dele, pioneira na cena feminina e preconceitos vencidos por ser uma mulher preta periférica que não mede as palavras e chegou onde sonhou. O novo álbum da cantora, “Cria De Caxias” lançado na última quinta-feira, 29 de agosto, nas principais plataformas digitais, marca um momento significativo em sua carreira de 14 anos. Em uma coletiva realizada para à imprensa na última quinta-feira (29), a cantora nos contou sobre o processo de produção do disco e se emocionou ao falar sobre o lançamento.


Chegando aos 30 anos de idade, Pocah lança um projeto biográfico e conceitual que resgata a essência de suas raízes em Duque de Caxias, onde cresceu. O título do álbum reflete essa conexão com suas origens e traz sua identidade como artista. “Demorei para fazer esse disco, mas a espera valeu a pena”, comenta a cantora. “Aqui, entrego um trabalho completo e que representa quem eu sou e todas as fases que vivi. Nesse trabalho, o público vai conhecer histórias já contadas e outras guardadas a sete chaves – não só pela minha voz, mas pela minha arte.”

A cantora expressou seu desejo em fazer um segundo álbum e comemora a chegada do projeto após precisar adiar em um ano seu lançamento e precisar escolher entre 50 faixas até que estivesse exatamente como imaginou. A funkeira ainda compartilhou que seu foco era que o disco “Cria de Caxias” fosse composto por músicas que servissem para todos os momentos e não descarta a possibilidade de uma versão deluxe. Entre as maiores referências para a inspiração do disco está a cantora e compositora americana Summer Walker.


O álbum foi dividido em três atos que representam fases de sua vida e da carreira. Essa estrutura se faz presente na sonoridade e letras das faixas, que com cada ato foi introduzido uma interlude marcando o início de um novo capítulo.


Primeiro Ato: “MC Pocahontas”


No primeiro ato, intitulado “MC Pocahontas”, Pocah revisita o início de sua carreira, quando se destacou como funkeira em Duque de Caxias. Na faixa “SÓ DE RAIVA”, uma colaboração com Rebecca e Tati Quebra Barraco, a funkeira explora temas como empoderamento feminino, sarcasmo e deboche, características de suas músicas. Em “GOSTOSAS NO TOPO” faz uma exaltação à própria auto-estima, enquanto em “ASSANHADINHA” assume os holofotes ao lado do caxiense MC Durrony, o single sobre as madrugadas no Baile da RQ, de Caxias, já acumula mais de 15 milhões de plays. Em “DI MAROLA”, com MC Kevin O Chris, outro representante de Duque de Caxias, a funkeira traz uma sonoridade que lembra os tempos que viralizou nas redes sociais com danças sensuais.

Pocah em “Cria de Caxias”. / Créditos: Caio Viegas


Segundo Ato: “Pocah”

O segundo ato, chamado “Pocah“, simboliza a transição da artista para uma fase mais ousada, onde explora gêneros musicais e adota uma postura pop sem abandonar o funk. Em “Cria de Caxias”, parceria com a rapper Slipmami, que é um hino da cultura periférica ela canta “Nós é padrão de qualidade, o puro suco do Rio / Isso é Cria De Caxias, respeita quem vem de lá”. Slipmami rima usando frases que fazem referência à MC Pocahontas. A faixa “Venenosa“, parceria com Triz e MC Gw, já conhecida do público, se tornou umas das músicas mais reproduzidas da cantora nas redes sociais.

Em “Conteúdo Sensível” a artista reflete a sua evolução sonora, com influências de R&B e uma lírica mais sensual, se distanciando do funk. Na “Brilho No Olho”, colaboração com L7NNON, encerra o ato com uma retrospectiva sobre a vida, celebrando sua jornada, superação pessoal e ascensão econômica.


Terceiro Ato: “Viviane”


No terceiro e último ato, “Viviane“, Pocah revela uma face mais íntima e emocional. Em um tom mais vulnerável, aborda traumas e batalhas em faixas como “Livramento“, sobre a experiência em um relacionamento abusivo e como sua fé se fez presente naquele momento. Na música, a voz de Pocah é acompanhada por um corpo de cordas orquestrais. Em “Nunca Tá Bom”, reflete sobre as pressões externas em sua vida e carreira. O álbum fecha com “Vitória“, em que canta com sua filha, que tem o mesmo nome da canção celebrando a maternidade como uma de suas maiores conquistas e a grande força que a manteve firme até aqui.


O disco foi produzido pelo DJ TH4I, colaborador de Flora Matos e Tassia Reis. Pocah assumiu a co-composição do projeto ao lado de Lary, King, também de Duque de De Caxias, que já colaborou com Negra Li e Karol Conka; e Bruninha, que trabalha com diversos novos artistas como Tília e Melody.

Ouça o álbum completo aqui embaixo:


Antes de encerrar a coletiva, Pocah revelou que o seu maior desejo era que o projeto lhe aproximasse das pessoas de Caxias “Trazer a galera que veio de onde eu vim”. O “Cria De Caxias” marca o início de uma narrativa visual que ganhará vida através de um show especial e completamente autoral no Rock in Rio, no dia 20 de setembro, no palco Espaço Favela. Esta oportunidade comprova que Pocah segue honrando suas origens e evolução como artista.