Felipe Neto e Angélique Kidjo são destaques na abertura do Rio2C

Felipe Neto e Angélique Kidjo são destaques na abertura do Rio2C

11/04/2023 Off Por Hellen Oliveira

O que era para ser um “soft opening” se mostrou uma largada a todo vapor, com painéis plenos de discussões informativas sobre temas relevantes, acompanhados por um público ávido. Assim foi o primeiro dia do Rio2C, o maior encontro de criatividade da América Latina, que teve destaques como as apresentações de Felipe Neto e Angélique Kidjo, no Global Stage, palco principal do evento (confira ao fim do texto uma seleção dos principais assuntos do segundo dia).

“O primeiro dia historicamente é nosso soft opening, mas parece que a gente voltou mais forte da pandemia, então essa abertura foi como um dia normal de programação”, disse Rafael Lazarini, fundador e CEO do Rio2C. “Tivemos quatro summits incríveis: o de inovação nos esportes, com a NWB, o de crypto e carbono, com a Forbes, o da economia dos criadores, com a Play 9, e o de conteúdo e marcas, com o Meio&Mensagem. É uma felicidade para todos nós ver nosso setor voltando, o mercado está muito potente, estamos muito otimistas com o que vem por aí.”

Presente no primeiro dia, o vice-governador do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha, classificou o Rio2C como um “patrimônio cultural do Estado” e destacou a importância do evento para reposicionar o Rio como capital da criatividade e da inovação.

A multipremiada cantora Angélique Kidjo foi responsável por encerrar a terça-feira na Cidade das Artes. No painel intitulado Vozes da Transformação, a artista e ativista beninense falou sobre a música como ferramenta de transformação social e a potência da cultura afrobrasileira. 

“Cresci numa família em que meu pai foi o primeiro homem feminista que eu conheci. A filosofia dele era de que o ser humano não é uma cor e que a educação era importante para criarmos um mundo de paz. A educação, para mim, é central para deixarmos de sermos estúpidos”, afirmou Angélique.

CELEBRIDADES E INFLUENCIADORES

O painel mais concorrido do primeiro dia — que encheu o Global Stage — foi estrelado por Felipe Neto, cujo canal no YouTube atingiu 45 milhões de seguidores nesta terça-feira — três vezes mais do que a audiência de qualquer canal a cabo no Brasil, como pontuou João Pedro Paes Leme, sócio de Felipe na Play 9 e mediador da conversa.

“O YouTube está se posicionando no ambiente digital como a TV aberta sempre se posicionou: é hoje onde você encontra conteúdo gratuito, com potencial para atingir todas as camadas da população”, disse o influenciador e empresário. “Hoje, os jovens não têm mais o hábito de ligar a TV na Globo. Eles conectam algum aparelho no YouTube. Essa janela de oportunidade que eles estão explorando está causando uma mudança profunda.”

Felipe também afirmou que o maior desafio da internet não é como explodir, mas o que fazer depois. “Milhões explodem com um meme ou algo pontual, mas a partir daí há pouquíssimo tempo para conseguir convencer as pessoas a continuarem te acompanhando.”

A criação de memes e de conteúdo viral de humor foi tema também do painel que abriu a programação do Global Stage e reuniu influenciadores responsáveis por engajar milhões de seguidores.

Alan Pereira, do perfil Saquinho de Lixo, Gabriel Felix, idealizador do Meme Awards, e Matheus Diniz, do @greengodictonary, debateram com o empresário Flávio Santos sobre o atual momento de uma profissão que foi inventada muito recentemente e agora enfrenta os desafios da profissionalização.

Entre os questionamentos lançados, eles falaram sobre a ausência de uma ciência ou método que possa guiar a função: “Meme é feeling, é momento, é identificar o assunto e pensar em algo novo para a sua comunidade”, resumiu Gabriel, que, assim como os outros participantes, teve a sua vida transformada por conta da nova profissão.

Um outro universo de criadores e espectadores — o que mora nas 6 mil favelas do Brasil, responsável por movimentar R$ 120 bilhões por ano na economia — foi tema do painel C de Criatividades: os ‘crias’ que criam na periferia, mediado por Ricardo Silvestre, criador da principal agência brasileira focada em influenciadores negros, a Black Influence. 

A conversa reuniu Thamirys Borsan, influenciadora digital, atriz e cria do Complexo do Alemão, Nathaly Dias, conhecida como a “Blogueira da Baixa Renda”, e Andreza Delgado, baiana, e diretora criativa da “Irmãos Delgado”.

Elas debateram sobre a dificuldade de as marcas enxergarem o potencial de consumo na periferia. “Já ouvi falar de algumas marcas que favelado desvaloriza o produto. A gente acaba não conseguindo acessar alguns lugares de consumo e por conta disso precisamos criar os nossos próprios eventos”, contou Nathaly, criadora da PerifaCon, a primeira convenção nerd das favelas, que chegará à terceira edição após reunir 10 mil pessoas no último ano.