Boombeat e CyberKills lançam EP “BÁRBARA”

Boombeat e CyberKills lançam EP “BÁRBARA”

09/04/2022 Off Por Guilherme Sá

A potência da raiva e da aceitação, dos medos e das conquistas, e a busca pela identificação e acolhimento das travestis são potencializadas pelas rimas, flows e lírica afiada da rapper Boombeat e a sonoridade eletrônica, misturada ao trap e com pitada de funk do duo DJ CyberKills no EP BÁRBARA, que chega nas plataformas digitais nesta sexta-feira, dia 8 de abril.

Com seis faixas, sendo cinco inéditas e dois interludes que marcam o início e o encerramento da produção, a obra atravessa o processo da rapper, a partir do momento em que se entendeu e externalizou para si e para o mundo sua travestilidade em 2021.

Confira a tracklist do BÁRBARA:

“O nome ‘BÁRBARA’ vai além do adjetivo, mas também carrega o nome de uma das principais personagens do objeto. Presente na primeira e última faixa, Barbara, que é uma travesti entre demais marcações, adjetivos e suas especificidades, entrelaça as vivências e narrativas trazidas nas demais faixas. Já que com a história dela, fui incentivada a viver e experienciar a minha travestilidade”, comenta Boombeat sobre o título do álbum, uma referência ao adjetivo em que ela e demais travestis se encaixam, e também ao nome da dona do áudio da faixa interlúdio “Amiga”, que abre o EP.

“Barbara é minha melhor amiga e também travesti. Esse áudio dela me deu muita força e me atravessou, foi além de mim. Na mesma hora que escutei, sabia que um dia ele faria parte do meu disco. É um conselho, mas é poesia, emociona. É meu início como travesti, meu desabrochar”, explica a rapper sobre a primeira faixa.

Em “Poder Fatal”, CyberKills abre com um trap e avança para miami bass para acompanhar as nuances da transição de Boombeat, que reforça na letra que agora ela voltou – e voltou mais cara. “Essa música é cíclica, é a minha fase de entendimento sobre quem eu sou e todas as camadas sociais que isso implica. A raiva sobre como somos tratadas e o lugar que somos colocadas. Mas também esse encontro comigo, a celebração e a exaltação do meu poder como travesti”, reflete ela.

Em seguida, “Todos Os Olhos Em Mim”, música de trabalho do álbum e um diálogo de Boombeat com todos os olhares que a atravessam. O beat acompanha o tom explosivo, disruptivo que a letra traz. “Quando me entendi travesti, comecei a vivenciar todos os olhos em mim. No ônibus, metrô, shopping, academia. Lugares que me permito estar como a travesti que sou. Fiz a música para eu mesma escutar enquanto estiver na rua e me sentir forte. É como um mantra”, explica a cantora.

Já conhecida do público, “Bonita de Costas” é a quarta faixa e foi a primeira inédita criada nessa parceria Boombeat e CyberKills. Ela provoca os haters e todos aqueles que a cancelam de alguma forma, mas não se seguram nos argumentos. “É sobre hipocrisia social. No fundo, sei que essas pessoas me admiram. E eu enfatizo o quanto é importante ser ligeira, ficar esperta. Não adianta nada ser só bonita. E eu trago isso de forma divertida, debochada e gostosa”.

“Entre o sucesso e o programa” e tantos outros versos, em “Trava Drama”, a última faixa inédita do EP e um feat com Bixarte, fazem alusão à clássica “Nego Drama” dos Racionais MC’s. “Trazer a Bixarte para essa música, essa parceria, era um grande desejo. Ela deixa o som, a mensagem ainda mais potentes. Deixamos claro que nosso conhecimento é caro, nossa beleza é cara e quem nos quiser por perto tem que pagar sim. Tem que dar trabalho sim. Merecemos respeito e espaço como todas as outras pessoas”, reforça Boombeat sobre a parceria e a letra.

Assim como Barbara abre o álbum com seu áudio de incentivo e força para Boombeat, ela também encerra com um áudio inspiracional. “Como uma escola travesti”, define a rapper, que brinca com o nome da amiga – sem acento – e o título do EP, um adjetivo que ela define como um dos principais do universo da travestilidade. “Os áudios dela são como mantras pra mim. Me dão força e gás”, diz.

Sobre Boombeat

Rapper, cantora e compositora, Boombeat traz rimas ácidas, melodias marcantes e um estilo único, que deram destaque cada vez mais na cena do rap e na cena LGBTQIA+ da música brasileira.

Nascida em Bauru, interior de São Paulo, mas desde sua infância criada na capital paulistana, começou sua carreira em 2017 fazendo dobras para a cantora e MC Bivolt. Em 2018, o primeiro grande lançamento e aparição veio da ideia de juntar amigos para realização do primeiro coletivo de rap LGBTQIA+ da América Latina, o Quebrada Queer. No mesmo ano, em paralelo com o coletivo, Boombeat lançou seu primeiro single em seu próprio canal, a faixa “Guerreiros e Guerreiras”.

Já no segundo semestre de 2019, lançou seu segundo single, que já focava no lançamento de seu primeiro álbum, denominado de “Nem Tudo É Close”. Em março de 2020, o álbum veio à tona, com diversidade musical e temática. O projeto conta com participações de Bivolt, Glória Groove, Ecologyk, Murillo Zyess (Quebrada Queer) e Harlley (Quebrada Queer). Desde então, nos anos de 2020/2021, ela participou de projetos de outros grandes artistas como Pabllo Vittar, Rico Dalasam e outros nomes da música brasileira.

Ouça aqui o EP BÁRBARA: