Entrevistamos Konai para falar sobre o single “Bêbados Apaixonados”, e a importância de assuntos que são considerados “tabus”. Confira!

Entrevistamos Konai para falar sobre o single “Bêbados Apaixonados”, e a importância de assuntos que são considerados “tabus”. Confira!

09/10/2020 Off Por Beatriz Arasanoli

O Brasil sempre foi considerado como o País do Futebol e do Samba. Além da sua clássica MPB, que surgiu na segunda metade da década de 1950. Mas atualmente, os principais gêneros musicais que ocupam as paradas de sucesso são o Funk, Sertanejo e o Pop, que ganhou ascensão nos últimos anos.

Além dos ritmos musicais que atingem a “massa”, novos gêneros vem conquistando seu espaço. É o caso do estilo “Lo-fi” também conhecido como “Sad Song“, que é uma espécie de R&B, Rock, Rap e Hip Hop com letras melódicas e cheias de sentimento. Uma de suas maiores referências no Brasil, é Konai, de apenas 19 anos, que compõe e produz suas próprias músicas. Através de suas letras com muito sentimento e mensagens importantes, o cantor transmite a empatia e convoca cada um a se autoconhecer.

*Crédito: Michel Platiny

O cantor foi um dos pioneiros do “Lo-fi” no Brasil ao lançar suas músicas autorais no Youtube, em meados de 2017. Seu primeiro lançamento foi “Te vi na rua ontem” que despretensiosamente fez um sucesso estrondoso, seu vídeo hoje possui mais de 44 milhões de visualizações. Desde então, ele já lançou diversos singles de sucesso como “Pqtnv“, “Saudade“,”Oodal“, “És Bem Vinda”, “Cidade Lunar”, entre outros. Além do álbum “Petricor” de 2019, com diversas participações especiais. Suas músicas já ultrapassam a marca de 200 milhões de plays nas plataformas digitais.

Seu último single é “Bêbados Apaixonados” aborda o universo de distanciamento, solidão, sentimentos e autoconhecimento. O UPdate Pop convidou o cantor para bater um papo sobre seu processo de composição com suas letras transmitindo mensagens importantes, como está sendo sua pandemia, com quem ele gostaria de fazer um “feat”, entre outros assuntos. Confira a entrevista na íntegra aqui embaixo:

UPdatePOP: A música “Bêbados Apaixonados” é sobre o nosso cenário atual, de pandemia e o isolamento social. Qual parte disso tudo está sendo mais difícil de lidar durante a quarentena?

Konai: “Tem vários pontos complicados sobre isso, mas o fato de não poder sair, é uma coisa que é meio bizarra, esse sentimento. A gente não é muito acostumado com esse sentimento sabe? de ser aprisionado. Mesmo eu que já era acostumado a ficar dentro de casa. Era quase um isolamento social. Não sou muito de ficar saindo, eu era mais na minha. Então esse fato não deveria me incomodar tanto, mas não poder sair com o tempo começou a mexer com a minha cabeça. Porque você escolher não sair é uma coisa, mas você não poder sair já é uma coisa que é diferente.”

Assista ao clipe de “Bêbados Apaixonados” aqui embaixo:

UPdatePOP: Você é um artista jovem e suas músicas atingem um público também jovem. Nas suas composições você trata de assuntos importantes, que dialogam com a vida dessa nova geração. Como na faixa “O que te faz chorar?” que passa uma mensagem de apoio emocional e prevenção ao suicídio. E em “Odeio Me Sentir Sozinho” que fala sobre a solidão e dependência emocional. Você sente que é importante cada vez mais artistas falarem sobre assuntos que são considerados “tabus”?

Konai: “Então, quando a gente se entende, enquanto sociedade. A gente tem que ter a noção de que a gente sempre ta errado. Tava trocando essa ideia com um amigo ontem, a gente sempre ta em um ponto de esclarecimento que logo vai ser quebrado e a gente vai estar mais esclarecido. Então o papel da arte, não só de forma intuitiva, usando toda essa sensação que a gente tem, e que a gente recebe. Tipo, a gente nunca sabe bem de onde vem essa inspiração, tem vezes que a letra só vem e é isso, você sabe me dizer de onde isso veio? As epifanias tem a ver com o instinto, tem a ver com coisas que você aprendeu e te levaram até esse momento de “start” e muitas coisas. Mas a gente como artista, que tem como papel de imprimir tudo isso na realidade, e fazer com que o sentimento das pessoas faça mais sentido. Eu acho que a gente como artista, o nosso papel é botar a nossa cara, e escancarar todos esses problemas e todas essas problemáticas e causas que são tabus, e coisas que normalmente não se tocam nesse assunto, ou coisas que precisam ser mudadas. Para que pessoas que não tem essa válvula de escape, ou não sabem explicar como isso ta acontecendo, possam se espelhar na gente e saberem que ta tudo bem. “Eu sou assim e ta tudo bem”.

“Não é como se você fosse “diferentasso” de todas as outras pessoas, todo mundo é diferente, esse nunca vai ser o ponto. Eu me refiro ao ponto de que, o que você ta sentindo não é só você que ta sentindo, tem muito mais gente que também ta sentindo isso, e tem muito mais gente que pode te ajudar com isso sabe? Não só ajuda profissional, mas no sentindo de “ok vamo se ajudar? vamos todo mundo se unir, se entender enquanto sociedade” e é esse o papo. Essa é a visão, eu acho que o artista tem um papel muito importante na linha de frente, de escancarar esses tabus, de realmente botar a cara e falar: não, pode ser diferente! Vamos falar sobre isso! Vamos tocar nesse ponto, porque ninguém ta tocando, mas isso precisa ser falado porque se não todo mundo vai surtar.”

UPdatePOP: Uma das suas primeiras músicas foi “Te vi na Rua Ontem”, produzida e lançada em 2017 despretensiosamente no Youtube e acabou sendo um sucesso estrondoso. Após 3 anos, pra você qual é o maior desafio no mundo da música?

Konai: “Acho que o maior desafio do mundo da música é se comunicar com o seu público. É muito complicado. A gente nunca tem a noção direito de número, pode ficar 100 mil, 200 mil, 300 mil, 1 milhão, a gente sabe o que significa mas a gente não tem a dimensão exata do que são essas pessoas. Um milhão de pessoas, se eu paro pra pensar, não consigo imaginar a dimensão. E pensar que eu tenho 1 milhão de inscritos, 1 milhão de ouvintes mensais é um tanto quanto assustador. É muito fácil da gente se pegar em muitas bolhas, porque a internet faz com que muita informação chegue pra gente muito rápido, e a gente caia nessa ilusão de achar que as coisas são só aquilo. Porque 300 pessoas comentando a mesma coisa, não necessariamente é o que 1 milhão de pessoas vão achar. Então é muito fácil da gente perder essa noção de grandiosidade. Do quanto de gente existe aí, pra gente não se prender nessas bolhas, e achar que só isso é verdade. Porque existem muito mais pessoas do que aqueles 300 comentários podem dizer, a realidade é muito mais abrangente e tem muito mais coisa pra ser vista, olhada e admirada etc, do que aquelas 300 pessoas poderiam comentar, ou do que 10 mil pessoas poderiam comentar. Acho que esse é o maior conflito, você saber se comunicar com o seu público.

*Crédito: Michel Platiny

UPdatePOP: A letra de “Bêbados Apaixonados” fala sobre alguém que quer demonstrar o amor que sente por uma outra pessoa, mas o sentimento é corrompido por suas incertezas. Durante a pandemia, as nossas relações afetivas acabaram se tornando virtuais devido ao distanciamento social. Como o Konai se reinventou, para continuar perto da sua família, amigos e fãs, mesmo de longe?

Konai: “É muito complicado dizer que eu me reinventei, de toda forma a gente ta sempre tendo que se reinventar, mas o fato é que eu realmente me fechei mais do que eu deveria me fechar. E isso acabou fazendo mal para o meu psicológico. Eu vim para a minha cidade, pra passar um tempo com a minha família e ficar perto de todas as pessoas que sempre estiveram comigo. Estou morando em São Paulo a um tempo, mas sozinho é meio “osso”, lá eu tenho alguns amigos, mas até isso a pandemia complicou. Mas nada como estar perto da família sabe? Então uma das alternativas que eu achei foi ter vindo para a minha cidade, passar esse tempo com a família. Com os meus fãs, eu tento tocar nesses assuntos, acho que essa é a brisa, a gente se comunicar por esses sentimentos.”

UPdatePOP: Suas músicas podem ser definidas como um Rap Romântico, POP, Sad Songs, R&B.. Você já lançou diversos “feats”, com nomes como Kweller, Duzz, Lucas Muto, Kady Brown, Cynthia Luz, Ecologyk que tem uma sonoridade parecida com a sua. Tem algum artista que você gostaria de fazer uma colaboração e acha que seus fãs nunca imaginariam, que talvez tenha um estilo diferente do seu?

Konai:

UPdatePOP: Qual foi a maior dificuldade de gravar e lançar um clipe em plena pandemia?

Konai: “Eu não sei se já falei isso nessa entrevista, mas a minha maior dificuldade é que eu sempre tive um pouco de toc com limpeza. De lavar a mão toda hora. Então sempre que eu encostava em alguma área da bancada, em alguma coisa do cenário assim, eu queria lavar a mão na hora com álcool. A todo momento eu estava meio agoniado de encostar nas coisas. Isso foi uma sensação meio ruim de gravar na pandemia. Mesmo que a gente estivesse tomando todos os cuidados necessários.”

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Konai:

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