Noite do metal volta ao Rock in Rio e reúne um público fiel e plugado nos 220w na Cidade do Rock

Noite do metal volta ao Rock in Rio e reúne um público fiel e plugado nos 220w na Cidade do Rock

05/10/2019 Off Por Rodrigo Almeida

Assim que os portões se abriram, às 14h desta sexta-feira, a Cidade do Rock foi invadida por um público bem característico para um dia de metal e as roupas pretas não deixavam dúvidas. Entre camisas do Iron Maiden, headliner da noite, botas de couro e cabelos longos, havia muitas bandeiras de diversos estados brasileiros e também de outros países da América do Sul – Chile, Peru, Bolívia e Paraguai, principalmente. Definitivamente, os fãs do heavy metal compareceram em peso ao Rock in Rio no retorno do dia totalmente dedicado ao gênero musical, após o hiato de uma edição.

E foi bate-estaca em quase todos os lugares, do mais novo Espaço Favela ao Palco Mundo, passando pelo Sunset e a Rock District, bandas novatas e veteranas deixaram o público em êxtase. A despedida de Slayer fechou a noite no Sunset. No Palco Mundo, o headliner inverteu o horário de sua apresentação: Iron Maiden e seu show arrebatador, repleto de elementos cênicos, foi a penúltima banda a se apresentar, enquanto Scorpions, que volta ao festival após a lendária apresentação da primeira edição, em 1985, fechou a noite em grande estilo. Quem esteve neste dia memorável do Rock in Rio fez questão de levar para casa uma lembrança. Ao longo de todo dia, o público fez fila nas lojas de produtos oficiais em busca de camisas, chaveiros e outros acessórios personalizados com temas das bandas de metal que passaram por aqui e do próprio do festival. Engana-se quem pensa que os metaleiros não aproveitaram as atrações do parque.

No look do dia, camisa com estampa do Iron Maiden era item obrigatório. Teve gente que veio de longe só para assistir à apresentação repleta de grandes clássicos. “Claro que estamos aqui por causa do Iron Maiden! Esses caras são incríveis!”, vibrou o pernambucano Tarcísio Aguiar, de 57 anos, que trouxe os filhos Cleber, de 16 anos, e Leandro, de 13 anos. Eles aproveitaram para deixar um recado à produção do festival: “Todas as vezes que eles estiverem aqui, nós estaremos também”, contou. A banda britânica, que apesar de ser headliner, pediu para ser a penúltima a se apresentar e subiu ao Palco Mundo pontualmente às 21h30 com uma produção cênica de tirar o fôlego. Logo no início da apresentação, um avião surgiu no palco com um Bruce Dickinson cheio de fôlego e devidamente paramentado com seu chapéu de aviador, pronto para comandar a Cidade do Rock. O que não faltaram foram clássicos para embalar o público numa apresentação apoteótica.

E mesmo subindo ao palco como convidados especiais, logo após o show do Iron Maiden, os alemães do Scorpions não deixaram cair a temperatura da Cidade do Rock. No show repleto de sucessos como “Send me na angel”, “Wind of change” e “Rock you like a hurricane”, a banda ainda aproveitou para fazer uma homenagem ao primeiro Rock in Rio (1985). Em “Coast to coast”, o guitarrista Matthias Jabs, tocou o mesmo instrumento usado por ele em 1985, com referências à bandeira do Brasil, que foi totalmente reformado para este show.  A guitarra, um presente dado por Jabs a Roberto Medina, presidente do festival, hoje fez parte do espetáculo.

Mais cedo, Sepultura abriu a noite e relembrou o músico André Mattos, vocalista do Angra. A foto do artista foi exibida nos telões do Palco Mundo antes da banda começar a tocar “Refuse/ Resist”. No pit estavam a mulher e outros familiares do músico, falecido em junho deste ano. Pela segunda vez no Rock in Rio, Terence Lima, de 42 anos, veio de Belém, e comentou a homenagem. “Foi muito bonito esse reconhecimento de um ícone do metal, que fez história no Brasil e no mundo!”, contou. Para Terence, outro ponto alto do show foi a apresentação de uma música inédita. No último show da turnê Machine Messiah, o Sepultura tocou “Isolation”, canção que estará no próximo disco da banda, “Quadra”, cujos nome e capa também se tornaram conhecidos do público hoje. “Foi um momento único, eles surpreenderam a todos trazendo essa prévia do que a gente pode esperar do próximo disco”, completou.

A segunda banda a subir no Palco Mundo, Helloween, mostrou toda a sua força na Cidade do Rock. Com a formação da turnê Pumpkins United, que une membros considerados lendários da banda alemã, os músicos realizaram uma apresentação impecável e repleta de sons melódicos. “Helloween é um show que eu queria ver há muito tempo. Foi bem legal porque nós estávamos perto do palco e quando eles jogaram uma bola gigante da banda (com o formato de uma cabeça de abóbora) a gente pegou! Estamos muito felizes de estar aqui!”, vibrou Sérgio Henrique, bancário de 40 anos, que veio pela terceira vez ao festival acompanhado da filha – na primeira delas, a menina que hoje tem 12 anos, ainda estava na barriga.

Slayer se despede dos fãs em show no Palco Sunset

O thrash metal da banda Nervosa abriu o quinto dia Palco. O trio formado por Prika Amaral (guitarra e vocais), Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria) ferveu a plateia com o ritmo agressivo e provou a força feminina cada vez mais presente na cena do metal nacional. Nem o sol forte desanimou o público do heavy metal que compareceu em peso para os shows do Tortune Squad & Claustrofobia, que receberam como convidado o lendário Chuck Billy, ex-Testament.

O grupo americano Anthrax, um dos pioneiros do subgênero, subiu ao Palco Sunset e tocou grandes sucessos, como “Madhouse” e “Indians”. Quem encerrou a noite no local foi a banda Slayer, que anunciou sua aposentadoria dos palcos depois de 37 anos e fez seu último show no Brasil. Os fãs assistiram a um verdadeiro espetáculo de heavy metal, com a marcante presença de palco dos seus integrantes e um repertório rápido e eletrizante, que garantiu uma despedida à altura da história da banda. Entre os clássicos do grupo, o público conferiu “Repentless”, “South of Heaven” e “Seasons in the Abyss”.

Também tem metal no Rock District e no Espaço Favela  

O Dia do Metal achou no intimista palco do Rock District um espaço democrático e extremamente divertido. A banda paulista Sioux66 juntou centenas de fãs que se contagiaram com a performance do grupo, pulando, batendo cabeça e cantando a cada música tocada. “Já conhecia a banda e fui em vários shows. Este, por sinal, foi muito alto-astral, bem a cara do Rock in Rio”, comentou Luiz Fernando Sobral, de 29 anos. A cantora Deia Cassali se conectou com o público com uma escolha certeira de clássicos do rock, promovendo momentos de grandes emoções. O ponto alto do dia no Rock District foi a apresentação do The Raven Age, banda fundada por George Harris, filho de Steve Harris, do Iron Maiden. Eles trouxeram seu metal moderno e repleto de temas fantásticos para o Rock in Rio.

No Espaço Favela, as bandas do dia reforçaram que nem só de funk e samba são feitas as periferias cariocas. Abrindo os shows do local, logo após a primeira apresentação do Nós do Morro, os integrantes do BK-81 empolgaram o público incentivando uma grande rodinha, que botou todo mundo para dançar e brincar junto. À tarde, com o sol mais ameno, foi a vez da banda Ágona agitar os presentes e bater cabeça junto com quem passava pelo local. A terceira e última banda foi Canto Cego, da favela da Maré, com seu canto performático e show-teatro que atraiu a atenção de quem passava. Um deles foi o corretor de imóveis, Luiz Brandão, de 32 anos, que disse ter parado por conta da música boa. “Achei diferente das outras! Também curti a arquitetura do palco, muito linda”, completou Luiz.

Metaleiro também brinca e compra

Engana-se quem pensa que os brinquedos e lojas ficaram vazios no dia do metal. As atrações motivaram ainda mais o público a extravasar a emoção. O visitante aproveitou o dia para lotar atrações como a Roda Gigante Itaú, o Mega Drop (uma queda livre com 60 metros de altura), a Montanha russa e a disputada Tirolesa. Até às 21h desta sexta-feira, cerca de oito mil visitantes da Cidade do Rock já tinham passado pelas áreas. “A Tirolesa tem tudo a ver com o rock, porque dá muita adrenalina, assim como o rock metal. Muito bom vir aqui antes para dar um aquecimento para o show”, contou Rachel Fernandes, de 24 anos. Marli Souza, de 62 anos, que andou em uma Montanha Russa pela primeira vez na vida concorda: “Vir hoje foi algo para sair da rotina e entrar de cabeça nessa aventura. E o rock é isso, uma aventura que a gente entra de cabeça para viver e sentir!”, vibrou.

Nas lojas de produtos oficiais, ainda no início da noite as camisas do Iron Maiden já estavam praticamente esgotadas. O modelo que traz uma bandeira do Brasil, produzida especialmente para o público do país estava entre os mais procurados. “Levar para casa camisas de grupos que se apresentaram no Rock in Rio é uma forma de deixar os momentos vividos aqui gravados para sempre na memória”, contou Arthur Miranda, de 28 anos, que veio de Belo Horizonte para curtir dois dias desta edição do festival.